Vai! Segura! Olé! O falatório do vôlei da praia na vitória de Juliana e Larissa
Barulho constante marca festa no Horse Guards Parade, que tem corneta como sinal para grito uníssono e diálogos curtos da dupla brasileira
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Juliana e Larissa vibram com a conquista de
mais um ponto contra as alemãs (Foto: AFP)
A impressão que se tem ao chegar ao Horse Guards Parade é a de que cada
um dos 15 mil espectadores recebe uma orientação na entrada: “É
proibido ficar em silêncio”. E, como em Londres a tradição indica que as
recomendações geralmente são cumpridas, as competições do vôlei de
praia nos Jogos Olímpicos são marcadas por um falatório só. Do início ao
fim, falam torcedores, animadores de torcida, narrador, jogadoras e até
mesmo o juiz dá sua palinha ao microfone na apresentação das duplas.
Nesta segunda-feira, falaram também Juliana e Larissa, que, na base do “Vamo!”, bateram as alemãs Holtwick e Semmler por 2 a 0 (21/18 e 21/13).mais um ponto contra as alemãs (Foto: AFP)
De tudo que é falado na festa do vôlei de praia, no entanto, nada é mais repetido do que uma palavra típica do futebol: “Olé”. Não importa a ocasião, não importa de quem foi o ponto. Na verdade, não importa nem se a bola está em jogo. A todo instante, o som de uma corneta dá o sinal, toda a plateia levanta os braços e grita: “Olé”. Já o posto de mais falante, não há dúvidas, fica com o narrador oficial do evento, que, de forma incansável, comenta cada jogada, detalhe e, claro, joga a favor do falatório:
- Faz barulho quem está torcendo para o Brasil! Faz barulho quem está torcendo para a Alemanha! – ordenava a todo instante.
Nos raríssimos momentos de silêncio – entre o saque e a definição do ponto -, os ouvidos se voltavam para a quadra. Nesse momento, tornou-se possível escutar o papel de Juliana e Larissa no falatório.
- Erro meu, erro meu... – foram as primeiras palavras de Larissa após vacilo que quase resultou no primeiro ponto das adversárias, com 3 a 0 a favor no placar do primeiro set.
Foi a única lamentação em alto e bom som do set inicial, marcado por incentivo e orientações. Quase sempre monossilábicas:
- Vai, vai, vai! Vem! Boa! – diziam, intercalados também com o “segura” nas decisões de subir a rede para arriscar o bloqueio ou ficar parada na tentativa de defesa.
Para os britânicos, apenas uma declaração em comum: “Out (fora)” , que funciona para comemorar um ponto em erro adversário ou avisar à companheira que não se esforce em um ponto “garantido”.
Houve também momentos de sintonia com as arquibancadas, principalmente por parte de Juliana. Mesmo que virada para rede, ela incentivava a parceira com um “Vamos, Larissa” antes dos saques, em atitude repetida algumas vezes por faladores solitários das arquibancadas.
A vitória sem sustos contou ainda com alguns momentos de desabafo de Larissa, que soltou um palavrão ao ver um ataque parar na rede e reclamou pouco depois após levantamento de Juliana fora da medida:
- Que bola m...
Momento de exceção em uma partida marcada pelo “vamo!” a cada ponto comemorado e com recado para os brasileiros diante das câmeras, ainda na quadra, após o ponto final. A partir daí, o idioma oficial do falatório passou ser a o russo e o grego da dupla que se enfrentou em seguida. Antes, porém, soaram as cornetas: “Olé!”.
Fonte: Globo Esporte
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