Nem sempre ganha o melhor:
'Tragédia do Sarriá' faz 30 anos
Zico, Falcão & Cia. contam ao Esporte Espetacular as alegrias e tristezas da trajetória da Seleção de 82 até a derrota para a Itália, de Paolo Rossi
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- Na saída, eu me lembro que tinha uma faixa. Nós pegamos o ônibus para o hotel e a vi, escrita em espanhol, dizendo assim: “Valeu Brasil! Nem sempre ganha o melhor”. Isso é o nosso troféu, esse é o troféu que aquela seleção tem, o reconhecimento – disse Falcão, hoje treinador do Bahia.
Júnior gravou samba antes da Copa de 1982 (Foto: Reprodução/TV Globo)
Mestre Telê, o artífice do esquadrãoO responsável pelo encantamento daquele time foi o técnico Telê Santana. Em Minas Gerais, seu filho Renê Santana mantém um pequeno museu sobre o pai com peças valorizadas, como quadros com pinturas que retratam momentos da campanha. A ideia de Renê é preservar as ideias do pai.
O bom trabalho não é uma garantia para vencer, mas é o caminho para vencer "
Renê Santana, filho de Telê
Voa canarinho, voa
Foi com esse espírito de vitória que a delegação partiu para a Espanha, há 30 anos, decidida a realizar o sonho do tetra. Pouco antes do embarque rumo ao Velho Mundo, Júnior “Capacete” gravou o samba “Voa canarinho, voa” que virou símbolo daquele time.
- Nós estávamos concentrados, e o Alceu do Cavaquinho, meu compadre, me ligou e falou: “Olha, eu estou com uma música aqui”. Era um cassete naquela época. Quando eu coloquei para escutar, chamei o Edvaldo e falei: “Deva, escuta isso aqui”. Ele escutou e elogiou – disse Júnior.
Foi ao ritmo do samba gravado por Júnior que o Brasil viajou. Antes de chegar ao país-sede daquele Mundial, a delegação desceu em Portugal para um período de treinos.
- Encontramos uma atmosfera ultrafestiva, um calor danado. Parecia o Brasil, o Rio de Janeiro – afirmou o atual comentarista da TV Globo.
Elogios ao adversário
Se o resultado não foi bom, as outras coisas compensaram"
Júnior
- O time da Itália tinha Zoff no gol, que, talvez, fosse o melhor goleiro da Europa. Tinha Cabrini, que era o melhor lateral, Scirea, que era o melhor líbero. Tinha Tardelli, tinha Bruno Conti... Era um timaço – argumentou Falcão, que na época já atuava na Itália, pelo Roma.
Falcão lembra com respeito dos adversários da seleção italiana (Foto: Reprodução/TV Globo)
Cabeça erguidaMesmo derrotada e eliminada, após voltar para casa, a Seleção Brasileira deixou saudades na Espanha. Basílio, dono do bar do hotel onde os jogadores do Brasil ficaram hospedados, afirma nunca ter visto nada igual ao clima da ocasião.
- Em todos esses anos trabalhando aqui, nunca vi gente como os brasileiros. Pessoas simpáticas, agradáveis. Ninguém importunava ninguém – afirmou.
Apesar do resultado negativo, Júnior confirma o clima positivo do time ao se recordar do Mundial da Espanha.
- Eu, quando lembro da Copa de 82, me alegro. Pra mim é motivo de satisfação. Conheci tanta gente... Se o resultado não foi bom, as outras coisas compensaram. Pelo menos pra mim. Quando o time adversário tinha a bola, parava a música e ficava só marcando “pam-pam-pam, Brasil! Pam-pam-pam, Brasil” – finalizou.
Fonte: Globo Esporte
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