Zico conta 'sacudida' em Cerezo e promessa de Sócrates na Copa de 82
Galinho de Quintino acha que craque corintiano teria mudado
seu estilo de vida se fosse campeão mundial na Espanha
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- É normal um jogador cometer um erro como aquele e se abater. Então eu disse a ele: “Vamos cara, isso acontece. Vamos em frente, isso é do jogo, faz parte. Levanta a cabeça, vamos para a luta”. Não adianta ficar lamentando. Tinha muito jogo ainda, isso foi no meio do primeiro tempo – afirmou Zico.
Eu vou abdicar de todos os meus prazeres para me dedicar à Copa"
Sócrates
- Eu lembro que ele falou: “Essa vai ser a Copa do Mundo. Eu quero ganhar. Eu vou abdicar de todos os meus prazeres para me dedicar a isso”. E foi o que ele fez. Nós, depois, sempre brincávamos com ele: “Você não precisa ter uma Copa do Mundo para fazer isso. Nós temos hora para tudo”. O fato de ter colocado o Sócrates como capitão, o fato de ele ter sido o cara que segurou a peteca nos treinamentos, que teve um preparo físico ótimo. Então eu acho que, se ele tivesse ganho a Copa, ele realmente poderia ter mudado, entendeu? – recordou o Galinho sobre o amigo que morreu aos 57 anos, no fim de 2011, por problemas de saúde decorrentes do seu confesso alcoolismo.
Sócrates, Telê e Zico na Copa de 82
(Foto: Agência Estado)
Derrota fez mal para o futebol(Foto: Agência Estado)
O Brasil perdeu. Para a infelicidade de Sócrates, Cerezo, Zico, de todos os jogadores, profissionais da comissão técnica, povo brasileiro. E, de acordo com a ótica do camisa 10 daquele time, para a tristeza até mesmo do mundo do futebol.
- Eu acho que a derrota do Brasil fez mal para o futebol. A Itália tinha um grande time. Mas no futebol você tem que ir para dentro do campo, não para bater. Telê não admitia isso, ele queria ver futebol. E durante alguns anos ficou prevalecendo o futebol de resultados a qualquer custo. Ainda bem que o Barcelona reviveu o futebol e venceu. O próprio Guardiola já disse que se inspirava no Brasil.
Existe uma justificativa para Zico defender o futebol da Seleção contra um estilo de jogo mais pesado da Itália. O técnico italiano em 82 tinha conhecido o craque em 1979, num amistoso entre Argentina, campeã mundial em 78, e um combinado do resto do mundo. Para anular o camisa 10 articulador das jogadas brasileiras na Copa, o volante Gentili recebeu a missão de parar o Galinho de Quintino. O jogador da Azzurra levou sua incumbência tão a sério que, numa disputa de bola contra o brasileiro, puxou sua camisa tão forte que chegou a rasgá-la.
- Eu não falei nada com ele, pois esse era o seu papel. Acho até que ele foi mais leal comigo do que com Maradona. O que aconteceu contra a Argentina foi uma carnificina. Contra o Brasil, ele levou amarelo logo aos 10 minutos. Eu até reclamei com meus companheiros. Queria a bola para forçar uma expulsão dele. Mas não me ouviram. No Flamengo a gente fazia isso. Na dificuldade me davam a bola, eu forçava uma expulsão do adversário ou uma falta perto da área – disse.
Gol de empate é o que gostaria de ter feito na carreira, mas no fim do jogo
Zico construiu uma carreira de títulos e glórias. Ganhou tudo que era possível no Flamengo. Deixou seu nome na história do Udinese da Itália. Tornou-se ídolo também do outro lado do mundo, mais precisamente no Japão. Porém, a falta que faz uma Copa pela Seleção em sua trajetória é evidente. Tanto que, na hora de responder sobre o gol que ele gostaria de ter feito, Arthur Antunes Coimbra não tem dúvidas.
- Eu costumo dizer que, se tivesse um gol que eu gostaria de ter feito, seria o do empate contra a Itália, mas pouco antes de o jogo acabar. Se tivesse tempo após esse gol de empate, acho que os italianos fariam o quarto. Parece que estava escrito que, tantos gols a gente fizesse, eles fariam mais, pelas circunstâncias. Foi a única vez que tomei três gols pela Seleção – afirmou.
Mesmo sem o título, Zico tem boas recordações do Mundial de 1982. (Foto: Reprodução / TV Globo)
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