Uma década de CR7: os primeiros e difíceis passos do craque no futebol
GLOBOESPORTE.COM lança série especial na semana em que o atacante português do Real Madrid completa dez anos como jogador profissional
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Cristiano Ronaldo aos três meses de idade(Foto: Arquivo Pessoal)
Em 1985, às 10h20m do dia 5 de fevereiro, no hospital Cruz de Carvalho, em Funchal, na Ilha da Madeira, nasceu o mais novo dos quatro filhos da cozinheira Maria Dolores e do jardineiro José Diniz Aveiro. Depois de Hugo, Elma e Cátia, Dolores se inspirou no nome do então presidente americano, Ronald Reagan, para batizar o filho caçula. O primeiro nome, entretanto, foi ideia da tia.
O pai de Cristiano Ronaldo também era funcionário do Clube de Futebol Andorinha, time do bairro, e convidou o capitão da equipe para ser padrinho do menino. Fernão Sousa não sabia, mas teria um papel fundamental na vida do garoto.
A familia de CR7 vivia em uma das áreas mais humildes da Ilha da Madeira: na Quinta do Falcão, 27 A, na freguesia de Santo Antônio do Funchal. E, foi ali, na porta de casa, onde tudo começou. Ainda muito pequeno e franzino, Cristiano Ronaldo deu os primeiros passos no futebol.
- Eu e a bola sempre fomos melhores amigos. Tive uma boa infância, claro que com muitas travessuras, mas um período do qual guardo boas lembranças e não me envergonho de nada - afirmou Cristiano Ronaldo.
Eu e a bola sempre fomos amigos. Tive uma boa infância, claro que com muitas travessuras"
Cristiano Ronaldo
– Eu fui treinador do time por muitos anos e tive o prazer de ter ao meu lado o pai dele, meu grande amigo. Nessa época, usávamos um campo de uma escola para realizar os treinamentos. E foi justamente nesse período que o Cristiano começou a nos acompanhar. Ele já dava mostras do que poderia ser. Para nós, enquanto torcedores, o fato dele ter começado aqui é motivo de orgulho.
De perfil, CR7 (primeiro em pé da direita para esquerda) posa com o time do Andorinha (Arquivo Pessoal)Logo, as histórias sobre o garoto se espalharam por toda a Ilha da Madeira. E com apenas dez anos, despertou a cobiça dos dois maiores clubes da região: Marítimo e Nacional. Embora tivesse simpatia pelo primeiro, os representantes do time faltaram a uma reunião na sede do Andorinha e o destino do jogador foi o Nacional.
A primeira carteirinha de federado de Cristiano Ronaldo no Andorinha (Foto: Arquivo Pessoal)
Cristiano Ronaldo recebe prêmio (Arquivo Pessoal)- Um treinador de futebol do Nacional veio conversar comigo e me falou sobre um jogador que estava aparecendo no Andorinha. Fiquei curioso. E então resolvi ver de perto. Não passava pela minha cabeça de que o menino talentoso que todos falavam era meu afilhado. Fiquei encantado. Tinha muita garra, ambição e não gostava de perder. Era sinal de que ia arrebentar.
Ralando na base
Fernão decidiu levar Ronaldo para o Nacional. A transferência foi concretizada com o pagamento de um valor simbólico de € 500 (R$ 1,2 mil).
- O acerto foi muito difícil. Mas o fato de eu ter trabalhado muitos anos no Andorinha e ser padrinho favoreceu o Nacional. Conversei com a mãe dele e chegamos a conclusão de que o Nacional era a melhor opção.
Cristiano Ronaldo posa para foto com o time do Nacional (Foto: Arquivo Pessoal)
Cristiano Ronaldo ainda sem penteados ousadosna base do modesto Nacional (Arquivo Pessoal)
O Nacional era pequeno para um talento que crescia tão rápido. O clube devia € 25 mil (cerca de R$ 50 mil) ao Sporting de Lisboa por causa de um jogador chamado Franco. Na época, o presidente Rui Alves decidiu que Cristiano iria para Lisboa, caso a dívida fosse perdoada. E ficou resolvido que, na Páscoa, o jovem faria um teste na capital. Era tudo ou nada.
Ele era um menino acima da média. Tinha um grande potencial"
Pedro Talhinhas, ex-técnico de CR7
- O Cristiano jogou na minha equipe. Ele recebeu a bola e saiu fintando os meninos. Eu e o Oswaldo nos olhamos e nos pergutamos: o que é isso? Eu nunca tinha visto na vida um jogador daquela idade com tanta qualidade. Os próprios colegas do time também ficaram encantados e disseram: “Treinador, o madeirense joga bem heim” (risos). Era inacreditavel! – contou Paulo Cardoso.
O madeirense voltou para casa e Aurélio Pereira, coordenador de futebol juvenil do Sporting, teve a difícil missão de convencer a direção do clube de que o jovem valia € 25 mil (cerca de R$ 50 mil).
- O meu amigo Marques Freitas, presidente do núcleo leonino na Ilha da Madeira, disse que tinha um menino muito talentoso. Naquele momento, Deus me iluminou e pedi para que o trouxesse. Quando vi o Cristiano em campo, fiquei muito entusiasmado pela enorme vontade que demonstrava. A troca não era uma coisa aparentemente sensata, mas pedi para que o Simões de Almeida, administrador de finanças do clube, aprovasse a contratação. Inicialmente, ele não acreditou no pedido. Afinal, era um menino de 12 anos. Até hoje, o Sporting jamais pagou um valor semelhante (€ 25 mil) por um jogador de 12 anos (risos).
Confira nesta terça-feira o segundo capítulo da série na qual Cristiano Ronaldo faz sua estreia como profissional com a camisa do Sporting.
Fonte: Globo Esporte

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