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sábado, 24 de dezembro de 2011

Corinthians 0 x 0 Palmeiras – É CAMPEÃO!!!!!!

“Quero morrer num domingo e com o Corinthians campeão”
Dr. Sócrates, 1983
Ah, Doutor, esse domingo começou faz tanto tempo!!!
Eu poderia dizer que começou com a notícia de que o senhor havia partido. A notícia que chegou antes mesmo de eu abrir os olhos e ver meu manto de jogo separado e cuidadosamente esticado no canto do quarto, ao lado de São Jorge padroeiro e do ingresso da última partida do campeonato.
Meus olhos encheram de lágrimas quando eu soube.
Eu sei, eu sei que era dia de ser campeão, Doutor. E sei também que em dias como esses as pessoas esperam que estejamos felizes, apreensivos, focados no jogo ou no gol ou no título. Sei também que quando você pôde escolher, escolheu partir assim, no domingo, deixando o Time do Povo com uma estrela que brilhasse em seu lugar.
Mas a Fiel não soltou rojões logo cedo. Pelo contrário, cerrou os punhos e ergueu os braços.
A alegria do título jamais apagaria a dor e a tristeza do seu adeus. Sabíamos disso antes mesmo de levantar da cama.
Esse domingo começou há tanto tempo que eu não saberia dizer! Talvez, domingo passado, talvez em maio. Talvez tenha sido um único domingo desde 1910. Eu não sei. Sei que na eternidade do domingo, dia 4 de dezembro de 2011, juntei-me aos meus amigos de luta e de arquibancada o mais cedo que pude, e esperei.
Esperei nervosa, esperei tensa, esperei ansiosa.
Não era só um título brasileiro que estava em jogo ali, eu sei que o senhor entenderia. Na sua luta, o senhor sempre soube que o caminho era mais importante do que a chegada e, mais do que isso, que só chegaríamos se tomássemos o caminho certo. O senhor sempre soube que importa mais celebrar o Corinthians, se possível, com o título, mas pode ser que não também. Desde que seja com raça.
Talvez os ideais do mundo não sejam mais os mesmos e a democracia não exista mais da mesma forma no mundo lá fora.
Mas continuamos sendo a torcida do Corinthians, e os nossos ideais nós continuamos carregando. Sempre.
Sim, sabemos que estar ali na arquibancada não significa só torcer, como eles dizem, Doutor. Ainda significa ter uma voz, ter uma forma de expressão, significa falar o que não querem ouvir em outros lugares. A gente usa, sim, o espaço sagrado da arquibancada pra gritar o que não é dito fora dali. E a gente sabe que quem ganha o jogo somos nós.
Quem não sabia, aprendeu esse ano. Se o time desconhecia esse fato, também aprendeu a colocar em prática essa potência que somos.
Fomos nós, Doutor Sócrates, que levamos o campeonato até ali, como o senhor sempre previu. Como sempre soube nos entender. Exatamente como o senhor sempre descreveu a gente. Somos tudo isso aí que o senhor sempre disse, com muito orgulho. Eu só espero que tantos outros também entendam.
Aliás, se todos que passassem por aqui gastassem um tempinho ouvindo tudo o que o senhor já ensinou de Corinthians, talvez não precisássemos de tanto sofrimento. Talvez tivéssemos outros doutores como o senhor no rol dos nossos ídolos. Mas aí já é pedir demais pra São Jorge. Não sei se cabe tanta admiração dentro de mim para mais de um Magrão.
O jogo deste domingo foi todo seu, sabia?
A minha lágrima não escorreu por um título. Não, antes do apito do juiz eu já estava emocionada pela dor de te perder. Mais ainda, emocionada de ver que a dor de te perder não é só minha. É de todos. Incrivelmente TODOS que estavam comigo ali. Todos que levantaram o punho e te homenagearam.
Pela sua genialidade, pelos gols, pelos títulos. Pelas idéias, pelas revoluções, pela postura. Pela sabedoria, pelo respeito. Por ser Sócrates. Por ser um ídolo completo, dentro e fora de campo, com palavras precisas bem colocadas e posições bem definidas por uma personalidade genial.
Foi um dos momentos mais bonitos que o Corinthians já me proporcionou.
Todos reverenciando a tua importancia na nossa história.
É só para quem merece esse respeito todo. O senhor tem todo o nosso respeito e dos nossos rivais também. Tem o respeito de quem não gosta de futebol. Respeito e, sobretudo, gratidão. Sempre foi, para mim, sinônimo da palavra ÍDOLO, assim, com todas as letras maiúsculas. Pela tua grandeza.
O adversário era o rival Palmeiras, o local era o Pacaembu. Não existiria uma combinação melhor para escolher para um jogo valendo título. Era ali que queríamos estar, era quem queríamos enfrentar, era a taça que queríamos levantar.
E assim foi.
Um toque de calcanhar começou a tua partida, Levezinho homenageando o Magrão.
E, sinceramente, foi só o sinal de que havia começado a contagem regressiva, rumo ao nosso penta.
Uma equipe dedicada e consciente soube segurar o adversário e segurar o título nas mãos, como fez todo o campeonato. Jogadores que se entregaram em campo e sabiam que estavam próximos de sagrarem-se campeões. Talvez, eles queiram ser ídolos também.
Atletas que, com certeza, sonharam conquistar tuas conquistas. Que entenderam do que a Fiel é capaz quando respeita quem honra a camisa do Corinthians. Já quiseram virar teu ônibus, Magrão? Reclamaram porque você não marcou gols no Pacaembu. E de onde veio todo aquele respeito na arquibancada??? Como foi que o senhor dominou a enfurecida e cobradora Fiel?
RESPEITO, não foi? Respeito e personalidade.
É respeitar o Corinthians para ser respeitado por nós.
O Corinthians foi Campeão Brasileiro de 2011, com o requinte de deboche do lance de Jorge Henrique imitando o chute no vácuo e enfurecendo o adversário. E os nossos corações transbordaram de alegria e extase. De amor pelo Corinthians.
A gente cobra, a gente reclama, a gente pega no pé.
Mas também sabemos amar como ninguém.
Esse título é seu, Doutor.
O título que o senhor ganhou na arquibancada, do lado de cá do alambrado, materializado na voz da Fiel. Ganhou mostrando que os verdadeiros craques não estão dentro do campo, eles não vestem chuteiras e meiões. O senhor reforçou o lado de cá, da torcida que ama a bandeira do seu passado, e que aprende com as lições do seu presente.
O título em que Sócrates esteve presente, representado pela Fiel. O título que a Fiel conquistou por amor ao Corinthians.
O Domingo que começou há tanto tempo e, provavelmente, jamais acabará.
Um domingo de homenagem e celebração de amor ao Corinthians.
Convenhamos, Doutor, o senhor sempre soube que ser campeão é detalhe.
  Fonte: yule Bisetto Blog do torcedor


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