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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Tempo de cevada (trecho)

Ambev inaugura no próximo ano a quarta maltaria do país e estimula o cultivo do cereal no Sul

por Luciana Franco | Fotos Marcelo Curia
Confira a seguir um trecho da reportagem de capa que pode ser lida na íntegra na edição da revista Globo Rural de dezembro/2011, já nas bancas.
Assinantes têm acesso à íntegra no Leia mais no final da página.

Editora Globo
O agricultor Lisandro Webber segue os passos de seu pai, Setembrino Webber, que chegou ao município de Coxilha (RS) na década de 50 do século passado para trabalhar na propriedade de um dentista, interessado à época em investir no cultivo de trigo. Setembrino conseguiu comprar suas próprias terras em meados de 1970 e plantou cevada pela primeira vez nos anos 1990. “De lá para cá, meu pai nunca mais deixou de plantar cevada”, diz Lisandro, que desde que assumiu a Sementes Webber, empresa da família, vem aperfeiçoando o cultivo do grão. Setembrino cultivava cevada para a Brahma, Webber é fornecedor da Ambev e, graças ao excelente manejo que realiza em suas lavouras – que lhe rendem produtividade de até 6 mil quilos por hectare em algumas áreas –, foi escolhido pela companhia para produzir as sementes que são distribuídas aos agricultores no início de cada ciclo. “Começamos a produzir sementes há oito anos”, conta o agricultor, que cultiva anualmente 540 hectares de cevada no município de Coxilha, distante 15 quilômetros de Passo Fundo, onde a Ambev vai inaugurar, no segundo semestre de 2012, uma maltaria com capacidade de produção de 110 mil toneladas de malte por ano.

A nova unidade obrigará a companhia de bebidas a dobrar a aquisição de cevada no sul do país, situação que vem estimulando agricultores dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul a aumentar suas áreas de cultivo no inverno. “Ela tem sido mais rentável que o trigo”, diz o agricultor Vilson Renor, de Marau (RS), também parceiro da Ambev.

A construção da nova maltaria – a segunda da empresa e quarta no Brasil – já provoca reflexos no campo, e neste ano a área cultivada por parceiros da Ambev cresceu 17% em relação a 2010, somando 55,2 mil hectares, que devem render na safra atual uma colheita de 138 mil toneladas. “Parte das compras deste ano já são para abastecer a nova maltaria”, diz Felipe Duarte, que atualmente ocupa o cargo de gerente da Maltaria Navegantes, situada em Porto Alegre, mas que em 2012 assumirá a unidade de Passo Fundo. Com 1,2 mil produtores parceiros no Brasil, a Ambev estima que o aumento das compras ocorrerá a médio prazo. “Vamos manter o ciclo de crescimento da área com sustentabilidade. Esse é o objetivo estratégico da empresa”, diz Marcelo Otto, diretor agroindustrial da empresa. Para ele, o importante é investir no produtor correto, na variedade correta e nas regiões corretas, a fim de reduzir ao máximo o risco da atividade. “Expandimos 17% do ano passado para cá e vamos continuar expandindo nos próximos anos”, diz Otto.

O programa de fomento à cevada da Ambev é o maior do Brasil e representa atualmente mais de 60% da área cultivada, estimada em 87 mil hectares pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Diferentemente do que ocorre em outros continentes, na América do Sul as variedades cultivadas são de cevada cervejeira e mais de 90% da produção é destinada à fabricação da bebida. Já nas regiões temperadas da Europa, Ásia e América do Norte, o comum é o cultivo de cevada forrageira para alimentação animal. Estatísticas mostram que a produção mundial de cevada oscila entre 136 milhões e 152 milhões de toneladas por ano, com destaque para Rússia, França, Alemanha, Ucrânia e Canadá, os cinco maiores produtores do grão, que é originário do Oriente Médio e uma das primeiras plantas domesticadas para o consumo humano.
  Fonte: Globo Rural

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