Duelo tático: Gre-Nal tem 'encaixe' de losangos no meio-campo

Dorival Júnior e Roger Machado optam por sistemas táticos semelhantes

Por Eduardo Cecconi Porto Alegre

Na teoria tática, o termo "encaixe" - ou "espelhamento" - descreve a utilização de sistemas táticos semelhantes. E as duas palavras são perfeitas para se utilizar na análise do clássico Gre-Nal disputado nesta noite de quarta-feira, no Estádio Beira-Rio.
Interino, o auxiliar-técnico Roger Machado manteve o 4-4-2 com meio-campo reproduzindo o desenho de um losango, sistema legado pelo recém dispensado Caio Júnior. Fernando foi o primeiro volante, tendo logo à frente o canhoto Léo Gago na esquerda, e o destro Souza na direita. Marco Antonio completou o setor como o meia-atacante mais avançado, próximo de Kleber e Marcelo Moreno.
E Dorival Júnior fez o mesmo com o Inter. Ao invés do habitual 4-2-3-1, os colorados distribuíram-se de forma "espelhada" ao adversário, encaixando um losango sobre o outro - como ilustra a foto abaixo - tendo Sandro Silva de volante central; Oscar à direita e Bolatti à esquerda; e D'Alessandro na ponta-de-lança, abastecendo Dagoberto e Leandro Damião:

Um losango sobre o outro no Beira-Rio (Foto: Eduardo Cecconi/Globoesporte.com)

Como a imagem demonstra, este espelhamento provoca uma série de embates individuais: Fernando contra D'Alessandro, Souza contra Bolatti, Léo Gago contra Oscar, e Marco Antonio contra Sandro Silva. De início mais interessados, os gremistas conseguiram tirar vantagem do encaixe, tendo vitória pessoal nos lances e deixando os atacantes no mano-a-mano com os zagueiros - principalmente Kleber sobre Rodrigo Moledo, às costas do lateral Elton.
Mas o Inter não foi uma equipe estática, presa a este desenho. Em determinados momentos da partida, o 4-2-3-1 se reestruturou, recuando Bolatti para a linha de Sandro Silva, e adiantando Oscar para a faixa de D'Alessandro - com Dagoberto fechando o setor:

Inter altera posicionamento para o 4-2-3-1 momentaneamente (Foto: Eduardo Cecconi/Globoesporte.com)

Ao contrário do que se imaginava antes da partida, a postura do Grêmio deu ao time visitante maior posse de bola, e o gol de abertura do placar - com Léo Gago. Mas, em breve momento de 4-2-3-1, Dagoberto se beneficiou de erro do volante Fernando para ironicamente oferecer a Leandro Damião um gol de contra-ataque no empate dos anfitriões.
No segundo tempo as pequenas variações coloradas persistiram, enquanto o Grêmio manteve-se fiel ao losango inicial. Uma leve mudança colorada foi a inversão entre Bolatti e Sandro Silva, permitindo mais agilidade na movimentação do argentino quando era necessário trocar do losango para o 4-2-3-1, protegendo Elton no setor mais atacado pelos tricolores.
Assim que o Grêmio retomou a frente, com Kleber, aos 20 minutos, Dorival Júnior realizou trocas que provocaram um terceiro desenho tático. Sandro Silva deu lugar a João Paulo, e Dagoberto a Jô. Na prática, ficou bem parecido com o 4-2-3-1, baixando Oscar para volante e abrindo os dois egressos do banco pelos lados do campo. Teve tempo até para Oscar se tornar lateral, a partir da troca de Elton pelo volante Josimar. Mas o Grêmio conseguiu, com posse de bola ofensiva - e dois milagres de Victor - segurar a classificação à semifinal da Taça Piratini com a vitória de 2 a 1.
 FONTE: Globo Esporte